quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Little Children de Todd Field (2006)

E depois de um par de semi-desilusões, eis que preciso de me deslocar a um cinema (por acaso, o melhor da cidade do Porto, o do Cidade do Porto) e gastar a semprei jeitosa quantia de 4€ para assistir a mais um um filme "fabuloso", como diria o senhor da mãozinha.

Este Little Children é realmente muito bom e o estranho é que percebemos isso assim que vemos os primeiros cinco minutos do filme. Sem pretender ser "grande", acaba por o ser por esse mesmo motivo: despretensioso, simples, bem contado, bem escrito e, acima de tudo, sublimemente interpretado. (Kate Winslet quando receber finalmente um Óscar, devia receber logo um caixote deles só contando as vezes que o já merecia!) Kate Winslet fan!

Adaptado do livro de Tom Perrotta, o filme é escrito pelo mesmo Tom Perrotta e pelo realizador Todd Reid e lembra imediatamente uma mistura de American Beauty de Sam Mendes com Desperate Housewives como muito bem reparou Francisco Mendes no seu Pasmos Filtrados. Não só faz lembrar como iguala o nível do primeiro, e isso não está ao alcance de todos. As personagens são tipicamente disfuncionais e as fundações, crenças e modos de vida dos seus intervenientes são desafiadas e questionadas durante todo o filme. Little Children são aqui todos os personagens adultos numa referência à dúvida, à incerteza e à necessidade de rebelião que cada sente nessa "estufa" humana que é o bairro em que vivem.

Por tudo isto, pela surpresa (apesar de o nosso caro colega vinhateiro já mo ter recomendado), e acima de tudo pela companhia, um dos melhores e surpreendentes registos do ano.

1 comentário:

Anónimo disse...

E se me permites:
"Há, de facto, algo de incrivelmente perturbante em Little Children: apercebermo-nos cada vez mais da impossibilidade das personagens concretizarem os seus sonhos, o que é tanto mais perturbante quanto menos elas se apercebem. Estarmos conscientes da irreversibilidade do tempo, enquanto as personagens, envolvidas pela emoção, não o parecem estar.", em cineclaquete.blogspot.com.
Não pude deixar de focar estas palavras de Miguel Galrinho.
Resumindo: Algo de comum que não deixa de ser extraordinário.