domingo, julho 30, 2006

Os portugueses têm a fama de serem preguiçosos. Pasme-se quem for optimista mas a verdade é que são mesmo! Somos todos! Não é aquela preguiça que nós, por preguiça, achamos ser o "não querer fazer nada". Não. O que somos é um amontoado mal amanhado de dez milhões de preguiçosos intelectuais para os quais a novidade, a inovação, o pensar sobre algo (e não apenas algo) e a descoberta são coisas absolutamente abomináveis. Dez milhões de portugueses ou dez milhões de torradeiras é exactamente a mesma coisa: ambos trabalham e até são úteis mas não passam de instrumentos sem autonomia própria e às vezes até queimam as torradas! Rochedos, penedos, seixos, etecétera. Pensar não consome as economias, nem sequer é necessário pedinchar a um qualquer recheado banco um empréstimo vitalício, talvez por isso mesmo, pensar não é um hábito dos portugueses.
RTP1, sábado à noite, estação pública de televisão, A Canção da Minha Vida. O conceito de programa mais seco, sugado até ao tutano e esgotado há biliões de anos. Pior, é o tipo de programação que chama, muito directamente, calhaus aos telespectadores portugueses. É o expoente máximo do insulto de massas. É a completa falta de originalidade, de inovação, de qualidade musical, de rejuvenescimento e de inteligência dos portugueses espelhado num só programa de televisão. É tratar-nos como uns "operários coitados que ao sábado à noite não têm dinheiro para os cocktails jet set, não sabem ler um livro e não gostam de um bom filme" e tratando-nos assim, assim ficamos porque há uma repudiavél preguiça de crítica, porque criticar implica associar raciocínios, porque raciocinar implica pensar e, como sabemos, pensar dá trabalho, é bem melhor levar no focinho com tudo aquilo que nos impingem, seja A Canção da Minha Vida, O Fiel Ou Infiel, Os Batanetes, O Marcelo Rebelo de Sousa, Os Morangos, A Floribela, As 2954 telenovelas, Os telejornais de 2 horas, As Touradas (ou corridas à portuguesa a.k.a. cruel linchamento de animais para diversão primária dos Homens), Os filmes do Steven Seagal, do Van Damme, as repetições das 2954 telenovelas ou As pistas da Blue.
A televisão não é assim tão importante, é verdade, mas nós somos exactamente a merda, não, a fotocópia, não, a fotocópia mal tirada da merda que todos os dias passa na televisão, até porque ver televisão em portugal não dá trabalho nenhum.
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Até parece que estou chateado com isto tudo mas não. Na verdade estou-me nas tintas! Quero lá saber!

Nojo israelita

Desde o início do conflito israelo-libanês (diria antes israelo-hezbollaico) que tenho vindo a ganhar vontade de escrever sobre o assunto. Ao contrário do que possa parecer, este não é o meu primeiro post sobre a matéria, há meses escrevi este. Profético, apocalíptico ou apenas coincidência, agora, mais que nunca, esse escrito parece-me fazer sentido.

Deixando de lado a parte palestiniana da questão, Israel, como é óbvio, não podia nem devia dormir perante o conhecimento de que o Hezbollah tinha rockets disponíveis a serem despejados nas suas cidades mais fronteiriças, a qualquer momento. Não podia! Seria de um laxismo extremo e irresponsável.
Era também do conhecimento comum que, por muito que os mais recentes Governos libaneses se tenham tentado libertar do controlo sírio, o país enquanto nação independente vive no limiar da insegurança e do medo. Senão atente-se no assassinato do então presidente libanês, Rafik Hariri, em Fevereiro passado (os políticos pró-demoracia ou morrem em atentados ou têm já um vasto currículo deles). A Síria sempre viu o Líbano como um estado adjacente, e sempre teve interesse em o controlar, a nível de influência política e militar. Com o assassínio, a indignação da juventude libanesa foi de tal forma, que os militares sírios acabaram mesmo por abandonar o Líbano de forma humilhante. Ora, com os militares sírios fora do Líbano e com a crescente vontade de "independência" do povo libanês, vai daí... A "representação" Síria é agora feita pelo Hezbollah que sempre se opôs à democracia e ao "ocidentalismo" que Hariri trouxera ao país. Os líderes radicais muçulmanos são ainda endeusados por muitos, e o ódio anti-americano confunde-se agora com o anti-ocidentalismo, a chamada liberdade e democracia. No Líbano, a Síria é agora este grupo terrorista.

"Até aqui tudo bem", não fosse a devastadora resposta de Israel a estas provocações e a insensibilidade com que o fazem. Justificar a morte de um terrorista ou a protecção do seu território, com o assassínio de dezenas, centenas de crianças e a destruição de cidades, de vidas, é combater terrorismo com genocídio.
Israel, tal como os EUA sempre sentiram este dever de protecção dos seus a todo o custo. Sentimento de sobrevivência, do "matar ou morrer". O sentimento de que "as suas" crianças, são diferentes das "outras crianças"; os "seus civis inocentes" são mais valiosos do que os "libaneses inocentes". É literalmente fazer aos outros, aquilo que exigimos que não nos façam a nós.
O que mais me revolta neste assunto, é ver um povo que tenta a todo o custo largar o estigma da guerra (libaneses) e vêem as suas famílias e as suas vidas autenticamente destruídas pelo facto de um grupo terrorista que nada tem a ver com eles, estar neste momento a desafiar Israel. As imagens que se vêem na televisão são as de bairros autenticamente arruinados, o centro de Beirute completamente alvo de ataques indiscriminados. Mata-se toda a gente para que não haja possibilidade de sobreviver nenhum " bandido". (o mesmo tem sido feito aos Palestinianos ao longo destes anos)

O meu mais recente choque deu-se quando na Conferência de Roma se pretendia ratificar um documento a condenar o bombardeamento de instalações referenciadas na ONU, com a morte de 4 observadores das Nações Unidas no território. A proposta foi aprovada por todos os membros, os EUA vetaram por a considerarem precipitada. A proposta deveria ser votada tendo em conta os resultados de um relatório que investigasse o caso. Para os americanos, o relatório seria elaborado por Israel. Vergonha...
Pior veio quando o governo israelita veio a público dizer considerar a cimeira em Roma, como um apoio às ofensivas militares israelitas no sul do Líbano. Consequência? Foram recrutados mais 15.000 militares da reserva do exército israelita.

Não sei o que dizer. Enoja-me a inimputabilidade. Enoja-me tudo o que têm feito, porque ao longo dos anos têm cometido erros de tal forma, que alimentaram a situação até chegar a este ponto. Isto, tal como já tinham feito no Afeganistão. Os EUA criam os seus próprios monstros e quem paga não são os EUA, é o Ocidente, e é o mundo.
(resta dizer que os israelitas rejeitaram, nestes dias, um cessar fogo de alguns dias para abrir corredores para retirar os feridos e fazer chegar ajuda humanitária aos locais atingidos. Dizem que isso permitiria ao Hezbollah a reorganização e o uso de civis como escudo humano. Eu pergunto: é mais importante uma possível reorganização do Hezbollah ou salvar vidas, salvar inocentes?)

sábado, julho 29, 2006

Produto adquirido

Ora nem, mais... Por entre citações e casuais referências ao grande Eternal Sunshine of the Spotless Mind nos últimos posts, eis que um saltinho à FNAC mo coloca diante da vista, qual salada de frutas. E como, há sensivelmente dois meses que, o filme que mais anseio ver se chama Magnolia, o facto de este vir Empackotado com o dito Eternal Sunshine não me deixou alternativa que não a da compra.
Como tal, por 14,99€:

-Magnolia (de Paul Thomas Anderson)


-Eternal Sunshine of the Spotless Mind (ou O Despertar da Mente, de Michael Gondry)

(havia ainda um pack com o grande Traffic, mas dado que este vinha acoplado por um filme do Steven Seagal, achei por bem abdicar)

sexta-feira, julho 28, 2006

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Me You And Everyone We Know - talvez o melhor filme deste ano... A simplicidade e a inocência são tal que, magicamente mas sem sobressaltos, uma história de amor, correndo sempre o risco do cliché, é contada e interpretada de forma sublime por Miranda July... Uma pérola daquelas como não há muitas a fazer lembrar Garden State ou Eternal Sunshine of the Spotless Mind pela forma simples de transmitir relações e emoções humanas. Tem ainda a sobriedade necessária para acabar exactamente no sítio certo não prolongando a história até ao melodrama - qualidade que eu admiro sempre nos bons filmes. Ainda bem que é daqueles que de tão bom passa despercebido...

quinta-feira, julho 27, 2006

A chegar...

Pelos vistos, está já aí o próximo filme do Michael Gondry (senhor que faz os clips dos White Stripes, The Vines, Beck..). Chama-se The Science of Sleep e conta com o actor Gael Garcia Bernal como protagonista.
Ao ver o trailer, nota-se uma certa coerência com o "universo" Eternal Sunshine of the Spotless Mind o que no fundo é também o mesmo "universo" presente em tudo o que Gondry tem feito. Vejam aqui...

sábado, julho 22, 2006

Por entre suspiros...

Scoop

sábado, julho 15, 2006

É impressão minha...

... ou os israelitas perderam a cabeça de vez?

quarta-feira, julho 12, 2006

Senhores e senhoras, nós somos um blog arrogante

Estive a reler alguns posts antigos e concordo; alguns deles são de extrema arrogância.

P.S.- Este post é por si só, arrogante.

P.S.II- O comentário anterior é por si só arrogante.

P.S.III- Este já não é.

P.S.IV- Este já é.

terça-feira, julho 11, 2006

Final de "Sete Palmos de Terra"

Impressionante! Desde a escrita, passando pelas interpretações e pela música. Os melhores últimos 10 minutos de qualquer coisa que já tenha visto.
(só ao nível do final do "The Office")

sábado, julho 01, 2006

Ai o Diabo!..

O maior atropelo à minha tentativa (frustrada!) de ser um estudante digno e com ar de quem até estuda para os exames: