Multiculturalismo e políticas emigracionistas ao som de Trilobite
Então reza assim...
Diz-se que no outro dia estava eu a ler o Público e vejo uma coisa engraçada:
- "Ai que coisa tão gira isto do Partido Nacional Renovador, 'bora ler isto melhor."
Pelos vistos, o encontro da extrema-direita ocorreu sem incidentes em Lisboa; pelos vistos, a maioria dos jovens "eram" de cabelo curto ou rapado; "eram" de emblemas nacionalistas e "eram" também de botas militar e cintos com fivela a dizer SS que, para quem não sabe, eram uns "moços" alemães que gostavam tanto dos judeus que até lhes davam banho.
Até aqui tudo bem, ninguém os associaria a ideologias nazistas, racistas ou até xenófobas. O que sucede é que estes cavalheiros estão indignados perante a invasão de que estamos a ser alvo.
Sim, estamos a ser invadidos!!! Não por seres alienígenas, não por anõezinhos islandeses com machados capazes de fazer trinta por uma linha para nos mostrarem aquilo que de melhor se faz pelos talhos nórdicos (Islândia pode ser, não?!), nem sequer invadidos por aquelas moças com falta de ar (causado pelo factor calor) que às vezes passam nas televisões. Não! A gente estamos a ser invadidos é pelo Terceiro Mundo.
Qual Quinto Império de Pessoa, falta cumprir-se Portugal! "Não nos deixaremos abater pelas forças invasoras, nós que somos um povo que nunca lhes foi bater à porta. Nós que nunca invadimos África não vamos agora permitir que "meia dúzia" de desgraçados nos venha agora escravizar."
Nas palavras deste belo partido que é o PNR, "o nacionalismo é algo congénito à natureza do homem porque antes do nacionalismo havia o tribalismo". Ora bem, deixem-me associar com tempo, estes dois conceitos: partido renovador e tribalismo. Parece-me bem...
Note-se também que o PNR critica de forma incendiária, os candidatos às presidenciais de Janeiro com argumentos como "Nenhum candidato ama a pátria". Aqui está o verdadeiro motivo pelo qual eles têm razão. Nenhum deles gosta. Todos. Nenhum. Só o PNR gosta de Portugal. Os outros? Os outros está tudo a fingir... Sócrates é meio espanhol, e o próprio Alegre já começou a escrever em jugoslavo.
O líder do PNR, José Pinto Coelho vai mais longe a aponta o dedo a cada um deles com uma vasta lista de críticas:
Cavaco Silva- "É um tecnocrata."
Ai sim?! ok... e os outros?!
Mário Soares- "Pertence à esquerda maçónica." e "comprometeu a nossa democracia ao integrá-la na União Europeia além de que amnistiou os crimes de sangue das FP-25 de Abril."
Por acaso também está bem visto. As FP-25 mataram tanta gente!! Que crime!! Banho de sangue, ai os malvados! Prossiga fuhrer...
Manuel Alegre- "Digladeia-se para alcançar o pódio."
Siga chefe...
Jerónimo de Sousa- "Digladeia-se para alcançar o pódio com Alegre"
Pois é, pois é... Vidas... Agora diga lá do Louçã.
Francisco Louçã- "Não tenho palavras suficientes para exprimir a minha repulsa."
Não tenho mais palavras para descrever o conteúdo político e sentido crítico deste movimento que nem se preocupa em dar um sentido digno ou quase-estético àquilo que parece ser o ódio ao ser humano camuflado de "ideologia".
Pior havia de vir. Nesta altura da notícia já eu estava bastante perturbado quando leio que "mais radical foi um terceiro orador" e que, para dar um exemplo da falência do modelo civilizacional europeu, relembrou que "há umas decadas o Olympia de Paris se enchia para ouvir Amália, hoje enche-se para ouvir Da Weasel e Pacman que aparece como porta-estandarte da cultura nacional".
Basicamente, é nesta altura em que a minha indignação se funde com revolta e me pergunto: E o Tony Carreira?! Ele também encheu o Olympia!
Eu bem me parecia que a culpa era dos Da-Weasel. Damn you Pacman!
