terça-feira, setembro 04, 2007

Um Final

"É sem qualquer terror que eu vejo a desunião das moléculas da minha existência"

Marquês de Sade


E que melhor indivíduo poderíamos citar num final como este? O Marquês de Sade é certamente uma pessoa à qual nos queríamos associar antes de terminarmos esta nossa aventura bloguistíca (não a última certamente). Seja por uma questão de dignidade e estatuto perante a opinião pública mas também para dar um certo ar a "indivíduos-que-apesar-de-parvos-lêem-literature-francése".
O que começou num apartamento da cidade do Porto como uma teoria sobre a técnica perfeita de aplicação de pasta dos dentes na respectiva escova, cedo criou uma corrente de desvairo e análise jocosa de assuntos nada prementes e, muito menos, coerentes.
Apesar de tudo, durante estes dois anos e meio nunca deixamos ora de abordar assuntos mais sérios, crítica cinematográfica, entre outras coisas que nos iam aprazendo.

Para mim, um blog digno desse nome é aquele que, com alguma regularidade, mantém alguma actualização e dedicação por parte dos seus proprietários. Os motivos que me levaram a começar o Pasta's não existem mais e por isso há que encerrar um ciclo. Termina assim o Pasta dos Dentes com os seus mais de dois anos e meio. Até breve, pode ser que me "surja um blog", tal como os romances surgem ao Lobo Antunes. Um abraço,


Toda a gente tem de morrer, mas eu sempre acreditei que seria feita uma excepção no meu caso. E agora?
Saroyan

As ezéquias fúnebres podem ter a sua piada. As quedas aparatosas de pessoas distraídas também. O Marques Mendes nem tanto. E, às vezes, quando chove no Verão, sente-se um arrepio estranho mas bom de quem já anseia o Outono. Outras merdas não são assim nem interessa como são. São e mais nada. Há também finais abruptos e felizes, abruptos e infelizes, felizes, infelizes, abruptos e finais não acabados. Sentimentos estranhos, pessoas esquisitas, coisas sem piada nenhuma e, não raras vezes, com a piada toda. Cheira a esturro, a cão, a peixe grelhado, a areia e a Sol.
E pronto: quando se começa bem é melhor acabar como se começa do que não acabar. Ora aí está! Fica, então concluída aquela que será, provavelmente, a melhor intromissão pelos meandros disto tudo que se chama qualquer coisa!
"Adeus e até ao meu regresso!"