domingo, maio 21, 2006

Códido Da Vinci- o filme (ou a tentativa)

Não li nem tenho qualquer pretensão em ler o livro. A manha de Dan Brown já eu a conheço. Não que tenha alguma coisa contra o homem ou mesmo contra o livro, mas parece-me existir demasiado livro bom por esse mundo fora, para perder o meu tempo com os deste senhor.

Acontece que a excitação, revolta e suposta iluminação gnosiológica que atinge as pessoas que o lêem é enorme. Enorme é também a aflição que me causa a "iluminação" dessa gente. Vai daí, estava bastante curioso em ver as reacções do exigente público de Cannes, o mais que provável melhor festival do mundo.
Foi com esta ânsia de saber como seria recebido a adaptação em filme, realizado por Ron Howard, que esbocei o meu sorriso ao ler que o filme havia sido arrasado em Cannes, tendo inclusivé sido recebido com risos no momento dramático do filme. Ora, sendo eu preconceituoso quer a nível musical quer a nível da sétima arte, não hesitei em recusar o convite quando me foi proposto por grande parte de amigos meus, ir assistir à estreia do dito filme. Isto até porque, aceitasse eu tal convite, e não acompanharia a transmissão da meia-final do Festival Eurovisão, brilhantemente ganho pelos Lordi. O que obviamente fiz.

Acontece que no dia seguinte, tudo aquilo que leio na secção reacções ao filme nada mais são que desilusões e frustrações. Mau filme, fraco filme, pior filme para o jornal O Publico... Convencido que todos os meus colegas se haviam rendido à evidência do mau blockbuster, eis que me surpreendo quando me dizem que o filme é engraçadinho. E é aqui neste ponto que quero reflectir. Dizem-me eles que em Cannes são todos, e passo a citar, "uma cambada de pseudo-intelectuais", quando no fundo são gente que já viu dezenas de milhares de filmes, entre cinema europeu, asiático, de Hollywood. Aqueles que tomam sempre uma opinião de desconforto em relação à opinião do rebanho, são sempre tratados como meia dúzia de pessoas querem pautar pela diferença, ou são de esquerda, ou são intelectuais.
A minha questão é porque é que, tal como na música, as pessoas têm tendência a gostar das coisas más, filmes maus, más bandas? Será que se um qualquer filme minimamente decente europeu, fosse tão bem promovido como "O Código Da Vinci", este teria tanto sucesso e as pessoas gostariam tanto como fazem com a grande maioria de maus filmes que por cá estreiam? Não terão os chamados críticos, visto demasiados filmes bons para perceber que nem tudo aquilo que nos é dado numa bandeja, é comestível?

A minha opinião? Claramente sim.

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro Cristvs.
Acho muito curioso estares a criticar um filme que nem sequer viste.
1º Li o livro. Acho que é um livro que se lê bem nas férias porém, não achei que fosse livro brilhante, apenas um agradável livro de aventuras.
2º Fui ver o filme e fui um dos que te disse que o filme é engraçadinho. Não será nem por sombras o filme da minha vida mas funciona como um "filme para comer pipocas".
Agora guiares cegamente a tua opinião pelas opiniões de críticos de cinema??? Deste modo, só poderias ver os filmes de Manuel Oliveira ou do Ingmar Bergman.
Não podes dizer taxativamente que o filme é mau quando nem o viste e apenas baseado nas opiniões dos críticos de Cannes ou nas estrelas do Público.
Filmes como Kill Bill ou Magnólia também receberam algumas críticas menos positivas porém, para mim são grandes filmes (atenção que eu não digo que o Código da Vinci o seja).
Já agora, Lordi: muito bom!

Alexandre disse...

Para já é favor não falar do Ingmar Bergman de testículo cheio porque o senhor é, no mínimo, um grandessíssimo artista, o que ele capta nas câmaras é mesmo arte!
"(...)ou são de esquerda, ou são intelectuais." ou então os dois, digo eu. Também é usual ouvir-se aquela já célebre frase "É só para seres diferente!" ou então "Tens de contrariar sempre tudo!" e pronto, resumi as frases que mais ouvi na minha vida até hoje. E eu nem sou intelectual...

PL disse...

1- O senhor que se auto-denomina "davide", que se deixe de cobardias e se identifique.

2- Lado a lado com um comentário como o do senhor "davide", sim, sinto-me um intelectual.

3- Sou preconceituoso o suficiente, para, mesmo indo ver o filme e nem o achar tão mau, dizer na mesma que o filme é uma enormíssima trampa.

4- Eu não disse que o filme é mau, apenas questiono a generalidade dos comentários que ouço pois, sejam eles sobre este filme em específico, sejam eles de um outro qualquer, raramente a opinião da crítica especializada coincide com a das pessoas que me rodeiam. (sim, também adorei o Kill Bill)
Agora casos como Vanilla Sky, Elephant, Amélie, Lost in Translation, filmes geniais dos quais só ouço falar cobras e lagartos, quando no fundo quase só chegam a ser reconhecidos pelos "pseudo-intelectuais".

5- Já me alonguei, e não me refiro ao senhor "davide", mas ao povo enquanto generalização arredondada.

6- sinto-me satisfeito pela oportunidade de me referir ao resto das pessoas enquanto "povo". Acho que isto significa qualquer coisa.

Obrigado pela atenção

Anónimo disse...

enquanto membro do povo, quero agradecer ao Cristvs Redentvris por se ter dirigido a mim

PL disse...

Primeiro dirigo-me a vós enquanto povo. Depois, enquanto sistema. Posteriormente, auto-proclamarme-ei, bolchevique.

Anónimo disse...

Para cristvs e optimistic:
Leiam a opinião de Nuno Markl acerca do filme (já se calhar até a leram). Eu tenho a impressão que ele também percebe alguma coisa de cinema (sim, existe vida para além dos críticos de Cannes)
Afinal nãó sou só eu a ter a mesma opinião sobre o filme.
Se o blogue do Markl desse para por comentários vocês também deveriam ir insultá-lo por pensar assim.