Odeio musicais e odeio a revista à portuguesa. Odeio o Parque Mayer e o teatro de Variedades.

Estava eu ontem a passar canal ante canal eis que vejo na televisão pública a dar...teatro-revista à portuguesa, essa herança cultural daquilo que foi o nosso Portugal da crítica social e do humor.
A cena que então se via era uma música acompanhada de duas jovens entre os 58 e os 60 anos, vestidas a rigor, uma à Porto, outra Sporting. Cantando. Dançando. Tudo isto com um fino sentido de humor. O riso do público. A crítica social, a sátira ao futebol. Tudo muito sagaz e corrosivo. Sim, eu estava perante um grande momento de televisão.
O brilhante momento de humor, (mais brilhante ainda do que o sorteio desta semana do Euromilhões em que voltou a sair o 50 e o 11), terminou com as duas jovens a dar chutos na bola de uma forma degradante, ainda mais do que as camisolas fortemente enterradas pelos calções a dentro. Calções esses que ameaçavam a qualquer momento enfiarem-se pelos queixos acima das moças de tão ambiciosos que pareciam ser.
Então o que se passa é o seguinte, já não suporto as reinvidicações do senhor La Féria para renascer o teatro-revista, os apelos ao apoio do estado para os musicais, o renascer do Parque Mayer. Por favor, há um tempo para tudo e, se há coisa que o teatro revista não tem, é jovialidade e frescura. Empalem o José Raposo, ou então dêem-lhe um papel de padeiro humilde em mais uma das super-produções da TVI e acima de tudo, chamem-lhe algo entre o rústico Alfredo e o sempre útil mas não em demasia, Sr.Albino.
Tristemente vos digo que todo este revivalismo revistista apenas me faz lembrar aqueles palhaçoes velhos e tristes que em tempos não o foram. Há que saber dar lugar no tempo, às coisas do seu tempo
O que a gente quer é votar dia 9 de Outubro (que não no Bloco...e na Fátima), e voltar a ver o macabro/diabólico Badaró com a sua self-made Badarólândia.
P.S.- Diga-se que ainda hoje sinto arrepios, tremores e suores frios só de pensar nos tons, nos cenários, e nas vozes das criaturinhas que por lá apareciam. No Badaró, lá está... :) (e digam lá que este smile não é fofo)